Contraindicações & Condições de uso:

-Conteúdo facilmente inflamável;

-Conteúdo nocivo a neurónios sãos;

-Pode provocar hipersensibilidade a qualquer pessoa;

-O produto é geralmente bem tolerado por todos os que se aventuram, exceptuando nos casos de efeitos secundários; [temática a desenvolver adiante]

-O efeito local mais referido pelas vítimas foi uma certa "dormência" assim do pescoço para cima, mas deve ser encarado não como um efeito secundário mas como uma manifestação da hipersensibilidade dos neurónios sãos ao conteúdo, como atrás foi referido;

-Podem verificar-se, ainda que muito raramente, exceptuando quando sucedem com frequência, ataques súbitos de "baba", gaguez ocasional, olheiras, secura na garganta, muita sede e leves irritações no local onde o produto foi aplicado;

-Em caso de perda de sentidos, consultar um médico ou farmacêutico; se nenhum estiver disponível no momento tente o 112; se o número de emergência falhar aplique água morna nos olhos e esfregue com movimentos circulares até recuperar os sentidos;

-O autor não se responsabiliza de qualquer maneira por danos na matéria saudável que ainda exista dentro da cabeça dos leitores;


sábado, 28 de março de 2009

Dos calhaus em si mesmos ou Como descer uma serra e sair de lá inteiro

[este post é para ser lido com a banda sonora do Jurassic Park em fundo]

Sobe, sobe, sobe, sobe.
Desce, sobe, sobe, sobe. E continua a subir até os teus pulmões e pernas começarem a dar de si.
Agora atira-te para o chão e tenta não desfalecer sobre o sol abrasador das onze da manhã da Primavera lusa.
Sim, porque lá no topo não há árvores. Só mar e arbustos pelo peito e calhaus literalmente ao pontapé. E o mar chama. Mas o mar é a um mergulho de mais de 300 metros, de silvado e mato raso, e calcário vingativo. Não vale a pena tentar.

Mais caminho e mais coisas verdes a entranharem-se pela roupa adentro e a esconder os caminhos (louvado seja o inventor da bela da calça de ganga!). E, quase sem se dar conta, embora os nossos pés o notem, está-se no topo. No píncaro de lá do sitio. E o que se vê? Mais mar, desta feita a mais de 350 metros de queda, de um lado o caminho subido aos tropeções, e do outro o que terá de ser descido, à base de trambolhão.



Agora começa a descida. Agora sem tanto mato rasteiro a atrapalhar, mas com paredes de rochas com inclinações para cima dos 45º (para os iletrados basta dizer que estava demasiado próximo da vertical). Ora, adaptando-se às condições e indo buscar ideias à bem dita natureza, é mais fácil descer à moda do caranguejo e descer a coisa a quatro patas, de rabo a arrastar-se pelo chão.

Passadas as "escarpas", começa o verdadeiro teste. A inclinação da montanha mantém-se, só que desta a descida é feita, no sentido literal do corta-mato. Com mais silvado e roseiras bravas a impedirem os caminhos que seriam mais fáceis, há que pegar em paus e começar à pseudo-catanada em tudo aquilo que nos apareça à frente e que seja aparentado com plantas (não vale a pena tentar assassinar os colegas que nos acompanham, pois podem ser úteis em caso de apara-quedas).

Enfim, o agradável chão calcetado do topo da serrania agora só faz saudades. Caminha-se sobre camadas de folhas caídas e primas de lianas que crescem no chão e pregam rasteiras aos mais incautos. E se agradeça quando estão no chão, porque quando se lembram de trepar e continuam a não se fazer notar, parecem ter um apetite voraz em se prender aos pescoços dos caminhantes.

Escorregando pelas folhas, temendo-se um derrocada, já que aquilo era tudo menos chão, e uma manada ao passar faz sempre estragos, é agradável chegar a terrenos menos inclinados.

Aí, por baixo de pinheiros e eucaliptos, sabe bem um almoço e uma paragem. Há quem tenha tempo até para limar unhas...


De barriga aconchegada e de bexiga mais leve (para quem pode e tem material útil neste tipo de situações ao ar livre - como quem diz para os rapazes), inicia-se novo caminho. Caminho aberto a custo, em tudo semelhante à descida de antes, mas desta feita, os arbustos dão lugar a mais silvas e rosas bravas. Picos e arranhões são excelentes recordações.

E eis se não que, depois de descer, por mato cerrado e coisas verdes inomináveis, por entre o arvoredo começam a nascer indícios de erva fresca. Dessa que se diz crescer em campos e pastos.


E a felicidade se apodera do caminhante, pois a descida terminou e [agora pára a música do Jurassic Park e começa a cena inicial da Música no Coração] só se vêem pastos lisos...


E vacas com olhares amigáveis.
Ou como alguém exclamou : "Bitoques, olhem tantos bitoques ali à frente!"

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